Boiada
Almir Sater / Renato Teixeira
Ele foi levando o boi
Um dia ele se foi no rastro da boiada
A poeira é como o tempo
Um véu, uma bandeira
Tropa viajada
Foram indo lentamente
Calmos e serenos
Lenta caminhada
E sumiram lá na curva
Na curva da vida
Na curva da estrada
E depois, dali pra frente
Não se tem notícias
Não se sabe nada
Nada que dissesse algo
De boi e de boiada
De peão de estrada
Disse um viajante
História mal contada
Ninguém viu
Nem rastro, nem homem, nem nada
Isso foi há muito tempo
Tempo em que a tropa ainda viajava
Com seus fardos e pelegos
Num ranger do arreio
Ao romper da aurora
Tempo destrói cadetes
Fogueiras ardentes
Ao som da viola
Dias e meses fluindo
O destino seguindo
E a gente indo embora
Isso tudo aconteceu
E o fato que se deu
Faz parte da história
E até hoje em dia
Quando junta a peãozada
Coisas assombradas
Verdades juradas
Dizem que sumiram
Que não existiram
Ninguém sabe nada
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Ele foi levando o boi
Um dia ele se foi no rastro da boiada
A poeira é como o tempo
Um véu, uma bandeira
Tropa viajada
Foram indo lentamente
Calmos e serenos lenta caminhada
Dias e meses seguindo
O destino fluindo
E a gente indo embora
Isso tudo aconteceu...

Boiada
Tropa: caravana de animais em marcha.
Peão: trabalhador rural; assalariado que, nas estâncias, executa diversos serviços ligados especialmente ao pastoreio; amansador de cavalos e bestas.
Pelegos: pequeno tapete de pele de carneiro (ou outro material macio), que se coloca no lombo do cavalo antes de colocar a sela, onde sentará o cavaleiro.
Arreio: conjunto de peças de selaria com que se equipa um cavalo: sela ou selim, freio ou bridão e os respectivos acessórios.
Boiada: foto de Araquém Alcantâra in Pantanal. - São Paulo: Araquém Alcântara Fotografia, 2003.
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