Terra Brasileira
Manifestações relativas às várias profissões e aos sistemas de produção, troca e transformações dos produtos.
 
Provavelmente o primeiro ofício praticado no Brasil, logo depois que os portugueses aqui chegaram, foi o do lenhador, ao derrubar a primeira árvore, não para fazer lenha, mas para preparar a madeira para construir a cruz da primeira missa no sul da Bahia. Portanto, nesta seqüência, tivemos os carregadores e os carpinteiros, além do ofício de religioso.
O pau-brasil foi o primeiro produto de exportação do novo território colonial de Portugal, pertencendo ao primeiro ciclo econômico da história do Brasil, se bem que ainda não era Brasil, mas considerado uma extensão de Portugal.

No século XVI vieram de Portugal os primeiros homens de ofícios: ferreiros, sapateiros, alfaiates, peleteiros (preparadores e vendedores de pele), pedreiros, ourives, moedeiros, tanoeiros (faz ou conserta cubas, tinas, barris, etc.), que da escassez de mão-de-obra especializada, tornaram-se uma verdadeira aristocracia técnica impondo respeito à uma sociedade recém saída da simplicidade rural.

Na orla dos engenhos de açúcar cresce uma população de brancos e mestiços livres devotados a cultivos secundários e tarefas mais humildes. Essa população era constituída, na zona rural, por famílias de granjeiros e de parceiros, dedicados a lavouras comerciais, como o tabaco, ou de subsistência; os primeiros para consumo interno e exportação; os últimos para serem levados semanalmente às feiras.

Meio século depois da descoberta do ouro, a região das Minas já era a mais populosa e a mais rica da colônia. A atividade mineradora propiciou a criação de uma ampla camada intermediária entre cidadãos ricos e os pobres trabalhadores das lavras. Eram artífices e músicos, muitos deles mulatos e negros, que conseguiam alcançar um padrão de vida razoável e desligar-se das tarefas de subsistência para só se dedicarem a suas especialidades.

Passadas as décadas de maior recesso (1790 a 1840), surgem e se expandem novas formas de produção agro-exportadoras com o surgimento do cultivo do algodão e do tabaco e mais tarde o café, dando início a um lento processo de reaglutinação das populações caipiras em bases econômicas mercantis.

Em 1816, Jean-Baptiste Debret chegou ao Rio de Janeiro, para atender aos milhares de nobres, funcionários e diplomatas vindos com a corte de D. João VI. Integrante da missão francesa contratada para fundar na sede do reino uma escola de artes, ciências e ofícios, registrou em minúcias o cotidiano de pobres e ricos de todas as etnias e descreveu os diversos ofícios da época.
 

Pau-Brasil / Eduardo Bueno... [et al.], - São Paulo: Axis Mundi, 2002.
Casa Grande e Senzala / Gilberto Freyre. - São Paulo: Circulo do Livro S.A.
O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil / Darcy Ribeiro. - São Paulo: Companhia das Letras, 1995
Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento da imagem de uma nação / ilustrações e comentários de Jean-Baptiste Debret; textos de Luiz Felipe de Alencastro, Serge Gruzinski e Tierno Monénembo; reunidos e apresentados por Patrick Straumann; tradução de Rosa Freire d’Aguiar. – São Paulo: Companhia das Letras, 2001.