VIDA SOCIAL: Nascimento
O Bebê
Os Primeiros cuidados com o bebê

Para a criança, logo após o nascimento dá-se uma colherinha de óleo de amêndoa, o que é sempre indicado pela parteira. Lavada a criança é a seguir vestida e a roupa usada é a seguinte: uma camisa, um casaquinho de flanela quando nasce na época de inverno, sapatinhos de lã, touca ou não. Geralmente as toucas são feitas com meia de algodão de mulher. Para enrolar as pernas das crianças usa-se pano, trapos.

Um bebê nascido na época elizabetana era inteiramente enfaixado em tiras largas. Para auxiliar a dentição, sugava uma chupeta de coral embebida em suco de cenoura e, para afastar os demônios, havia sempre um chocalho de prata pendurado no berço. Através de um chifre de boi o bebê recebia alimentação.
Este costume, de enfaixar o bebê, foi comum no Brasil até meados do século passado.
Além dos cuidados de ordem material que são dispensados à criança há outros, de ordem espiritual que poderíamos chamar de ritos protetivos: no caso de qualquer doencinha, soluço, quebranto, mau olhado, imediatamente a mãe corre procurando a “benzinheira” ou ela mesma executa certas práticas simpáticas capazes de debelar o mal. Ritos protetivos que acompanham a criança até adulto, porque ai nessa fase da vida vai praticar os ritos produtivos.

Dentre os ritos protetivos mais comuns se destaca o benzimento que é feito por uma “benzinheira”. Esta, em geral, é a própria parteira, a “assistente” que os executa. Aliás, há muitas práticas que são observadas porque as “assistentes”, já ao penetrarem na casa, as vem executando: meizinhas, chás, óleos bentos, gotas de água benta que se vai buscar na igreja, são os remédios eficazes para os males infantis. Há um cego pedinte de feira, que é o mais procurado benzedor de crianças que estejam com bichas assustadas. As mães sempre alertas para evitar os males da primeira infância: “mau olhado”, “ventre caído”, “mal dos sete dias”, olhado nas tripas”, “ar do tempo”, etc., aliás, doenças todas curadas por meio de simpatias, rezas, etc.

O Umbigo
O umbigo é cortado tendo como medida dois dedos, amarrando-se duas vezes com cordão unto. O cordão é encerrado, passado no sebo de carneiro. Em seguida limpa-se bem, com um algodão colocando-se talco sem perfume, talco Ross como faziam também antigamente.
A tesoura que foi utilizada para cortar o umbigo costumam colocar debaixo da cama. Ou fica espetada, aberta num rolo de fio que deve ser colocado à cabeça da criança na cama. Isto impede que a criança sofra complicações no umbigo. Este após ter caído costuma-se enterrar na porteira do curral (para ter sorte na fazenda com plantação ou gado), na igreja (para ser religioso) ou lançado ao rio (para ter sorte nas cousas ligadas ao rio).
O umbigo é tratado com óleo de amêndoa. Após ter caído usa-se a canela em pó. Hoje usa-se também o Anaseptil. O paninho usado deve ser lavado anteriormente e passado. Depois com o auxílio de uma vela, faz-se um furo no centro a fim de colocar, através dele, o umbigo. Antigamente usava-se o óleo bento que se ia buscar na igreja.
O cordão utilizado hoje é comprado na farmácia. Antes tomava-se um cordão enrolando-o a fim de que ficasse mais forte, mais resistente.
Cuidado com o rato porque diz o povo, caso este roa, a criança se tornará ladra. Assim quando uma pessoa é presa por roubo logo dizem “o rato roeu o umbigo dele”. 

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Escorço do folclore de uma comunidade  – Alceu Maynard Araújo in Revista do Arquivo Municipal CLXVI – Departamento de Cultura da Prefeitura do município de São Paulo, 1962
Os rituais do nascimento in Livro da Vida, Vol 1 - São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974.
Gifs animados da Animationfactory e slylockfox (ver conexões)
Mapagif: AJZ
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