Muitos historiadores – estadunidenses, inclusive – concordam hoje que o governo Roosevelt livrou-se dos aspectos intervencionistas obsoletos da política exterior estadunidense, retendo entretanto os elementos considerados vitais. Os métodos mudaram, mas os objetivos permaneceram os mesmos: minimizar a influência européia na América Latina, manter a liderança estadunidense e encorajar a estabilidade política do continente.
“Durante a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, as nações do Terceiro Mundo foram pressionadas a optar por uma facção ou outra do conflito. De um lado, o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. No outro extremo, os Aliados, liderados por Grã Bretanha, França e União Soviética; e, a partir de 1941, pelos Estados Unidos. Nestes seis anos de conflito, destacou-se a “política da boa vizinhança”, visando a aproximar os países da América Latina da cultura e ideologia estadunidense. O objetivo era único: que o Brasil passasse a defender os interesses dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, o que ocorreu em 1942.” (1) |
Para a política exterior do governo Roosevelt, a América Latina era uma região essencial naquele momento. Dentre os produtores de matérias-primas estratégicas necessárias ao esforço de guerra estadunidense o Brasil se apresentava na linha de frente com a borracha, o manganês, o minério de ferro, os cristais de quartzo, as areias monazíticas, os óleos vegetais e as plantas medicinais, entre outros produtos. Tendo, além disso, um ponto particularmente importante, a leste, a saliência do Nordeste Brasileiro, devido à sua proximidade com o norte da África e sua posição para a vigilância do Oceano Atlântico.
Depois de muito debate, o governo Roosevelt criou no dia 16 de agosto de 1940 um Birô destinado a coordenar os esforços dos estados Unidos no plano das relações econômicas e culturais com a América Latina. Chefiada pelo jovem Nelson Rockefeller, essa superagência chamou-se a princípio Office for Coordination of Commercial and Cultural Relations between the American Republics. Um ano mais tarde, o nome foi simplificado para Office of the Coordination of Inter-American Affairs, pelo qual ficou conhecido até o final da guerra. Esse Birô encerrou suas atividades em 1946, mas alguns de seus projetos subsistiram até 1949 e muitas de suas atividades tornaram-se parte rotineira das tarefas da Embaixada Estadunidense.
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