O Birô Interamericano
 

 

O Birô não era uma mera extensão de programas de colaboração interamericana já existentes. Era um agência nacional coordenada de esforços, ligada à segurança nacional dos Estados Unidos. Por isso, ele surgiu como parte dos programas de defesa nacional e estava subordinado ao Conselho de Defesa Nacional dos Estados Unidos.
O Birô era, portanto, parte do esforço de preparação para a guerra, em que se achava empenhado o governo Roosevelt, convencido de sua inevitabilidade desde o início de 1939. Antes mesmo que os Estados Unidos entrassem na guerra, em 1941, o Birô já estava agindo a todo o vapor no sentido de afastar das Américas a influência do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e assegurar a “posição internacional” de seu país.

Não faltaram recursos para a montagem desse imenso laboratório político: o Birô gastou cerca de 140 milhões de dólares em 6 anos de atividades. Nos tempos de maior ação, empregava 1100 pessoas nos Estados Unidos e 200 no estrangeiro, além dos comitês voluntários de cidadãos estadunidenses (geralmente empresários) que apoiavam as atividades do Birô em 20 países americanos.

A estrutura do Birô comportava 4 divisões: comunicações, relações culturais, saúde, comercial/financeira. Cada uma delas se subdividia em seções, com ampla margem de atuação. Comunicações abrangia rádio, cinema, imprensa, viagens e esportes; relações culturais incluía arte, música, literatura, publicações, intercâmbio e educação. Saúde trabalhava com problemas sanitários em geral. A Divisão comercial/financeira lidava com prioridades de exportação, transporte, finanças e desenvolvimento.

O conjunto das atividades do Birô era considerado um front de guerra: o front comercial, político e psicológico. Nesse front, o objetivo era obter o apoio decidido dos governos e das sociedades latino-americanas para a causa dos Estados Unidos.
Para isso o Birô convocou uma série de especialistas para debater uma “filosofia” para orientar sua ação. As dificuldades evidentes de encontrar valores e heranças comuns às duas civilizações levaram afinal o Birô a se
fixar na idéia do panamericanismo e cuja manifestação concreta seriam os programas de solidariedade hemisférica.
 


 
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O Birô no Brasil


Tio Sam chega ao Brasil: a penetração cultural americana / Gerson Moura. - 1. ed. - São Paulo: Brasiliense, 1984. - (Coleção tudo é história; 91)
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