Saber um pouco mais... (2)

Amazônia Legal Brasileira

Dos países que possuem um pedaço dos 7,5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia em seu território, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, além de uma parte do Suriname e das Guianas, o Brasil é o mais privilegiado: fica com dois terços. Os 5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal brasileira alcançam os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, além do norte de Mato Grosso e Tocantins e o oeste do Maranhão. Apesar desse tamanho, que além de tudo abriga população de 18 milhões de pessoas, a Amazônia é pouco notada pelas autoridades brasileiras. Omissão que pode custar caro às populações locais, ao Brasil e ao mundo em termos econômicos, científicos e ambientais.

O Inpa, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é a maior autoridade oficial em termos de produção de conhecimentos para a região. Foi criado por decreto do presidente Getúlio Vargas, em 1952, e implantado, após dois anos, como reação nacionalista à idéia da Unesco de criar um instituto internacional para fuçar os segredos da região. Mas funcionou precariamente e hoje, mesmo tendo conquistado status de centro de excelência, o Inpa ainda carece de investimentos. Conta com pouco mais de 750 funcionários, entre os quais 119 doutores, 79 mestres e treze graduados na área de pesquisa. Na carreira de desenvolvimento tecnológico são dezesseis mestres, 56 graduados e 252 servidores sem graduação. E, ainda, na carreira de gestão e planejamento, 106 mestres, 25 graduados e 192 sem graduação.

Reportagem da revista Amazônia 21 revela que o último concurso para “atrair” doutores ao Inpa, em 1999, oferecia salários líquidos de 2,5 mil reais. Recebeu 24 inscritos para as 38 vagas. O pesquisador do Inpa Luiz Antônio de Oliveira diz que em toda a Amazônia Brasileira atuam 500 especialistas com nível de doutorado. O contingente, que inclui setor privado e estrangeiros, é bastante modesto se comparado com algumas universidades estadunidenses e européias e uma formiga diante das dimensões do potencial a ser estudado e dos objetivos do órgão: “gerar, promover e divulgar conhecimentos científicos e tecnológicos para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais, em benefício principalmente da população regional”.

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Paulo Donizetti / Amazônia o alvo da maior cobiça do mundo (colaboração Glauco Faria) in Revista Fórum n.º 1, agosto de 2001, São Paulo: Editora Publisher Brasil.
Mapa de Gabriela Werneck e Pedro Werneck / Expedições Terras e Povos do Brasil. Edições del Prado, 1999.