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Os Engenhos: Os tipos

Pero de Magalhães Gandavo, escrevendo possivelmente na sexta década do século XVI, nos relaciona os engenhos por esta época existentes no Brasil:

Itamaracá - um engenho e dois em construção 
Pernambuco - vinte e três engenhos, dos quais  três ou quatro em construção
Bahia de Todos os Santos - dezoito engenhos 
Ilhéus - oito engenhos
Porto Seguro - cinco engenhos
Espírito Santo - um engenho
São Vicente - quatro engenhos
Gandavo fornece assim um total de 62 engenhos de açúcar, sendo cinco ou seis em construção.

Rugendas
Moinho de cana-de-açúcar - Minas Gerais (Rugendas)

Havia os engenhos "trapiches”, movidos por tração animal (bois ou cavalos); outros, denominados “engenhos reais", eram movimentados por força hidráulica; dividiam-se em "copeiros", "meio-copeiros" e "rasteiros", conforme a altura da queda d’água.

Deve-se ressaltar que os engenhos reais eram bem mais produtivos do que os "trapiches", embora, em épocas de seca duradoura, se mostrassem menos eficientes.  Os "trapiches" eram movidos por sessenta bois, dispostos em turmas de doze, que faziam revezamento, trabalhando um total de quinze a dezesseis horas em vinte e quatro.

Ambrósio Fernandes Brandão, autor dos "Diálogos das Grandezas do Brasil" (1618), afirma-nos que um bom engenho devia contar, no mínimo, com cinqüenta escravos, quinze juntas de bois, além de muita lenha e dinheiro.

O engenho constituía um organismo completo e que, tanto quanto possível, se bastava a si mesmo. Tinha capela, onde se rezavam as missas. Tinha escola de primeiras letras, onde o padre mestre ensinava meninos. A alimentação diária dos moradores e aquela com que se recebiam os hóspedes freqüentemente agasalhados, procediam das plantações, das criações, da caça, da pesca, proporcionadas pelo próprio lugar. Também no lugar montavam-se as serrarias de onde saíam acabados o mobiliário, os apetrechos do engenho, além da madeira para as casas; a obra dessas serrarias chamou a atenção do viajante Tollenare pela sua execução perfeita.

A "casa do engenho" possuía toda a maquinaria e instalações fundamentais para a obtenção do açúcar. Primeiramente, tínhamos a moenda, onde era amassada a cana para extrair a "garapa". Em seguida, a caldeira, necessária ao fornecimento do calor para apurar a "garapa"; depois, no tendal das forças, o açúcar era condensado e, finalmente, na casa de purgar, completava-se sua "branquearão". Guardado em caixas de até 50 arrobas (cerca de 750 kg) ia então enviado para o reino.

Um engenho tinha uma produção que oscilava entre três mil e dez mil arrobas anuais. A exportação pernambucana do produto - calculava o Padre Fernão Cardim - era de perto de duzentas mil arrobas anuais, no final do século XVI.

Muitas vezes, ligadas ao engenho produtor de açúcar, havia as destilarias de aguardente, funcionando como atividade subsidiária. De outro lado deve-se citar a existência de engenhos exclusivamente produtores da cachaça, denominados "engenhosas" ou "molinetes". Servia a aguardente como elemento de troca no escambo de escravos, sendo assim de uma importância econômica relativamente grande.
 

Volta p/ os
Engenhos
Fábrica de açúcar
Caldo de cana
 
Brasil História: Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari, Ricardo Maranhão. - São Paulo: Editora Brasiliense, 1979.